Poeta João Nunes Ventura
NÃO SOUBE REZAR
João Nunes Ventura.
Amado sertão
Povo sofrido,
Terra brejeira
Cheiro querido.
Linda montanha!
Belo morro,
Luz do horizonte
Azul formoso.
Mas a seca terrível
O sol que aquece,
O filho nativo
No solo padece.
O tempo passa
Amargo desgosto,
Na face o suor
Resvala no rosto.
Marca do tempo
Tudo acabou,
A água na fonte
Há muito secou.
A seca devasta
Plantas no chão,
Última esperança
Chora coração.
O gado doente
Carrega a cruz,
Fim do caminho
Apaga-se a luz.
Então me pergunto:
Como posso viver?
Onde eu pequei?
Que devo fazer?
Oh, Deus do sertão!
E do meu pensar,
Perdoe este pobre
Que não soube rezar.
Belo Jardim, 24/07/12