NÃO SOUBE REZAR


Poeta João Nunes Ventura


NÃO SOUBE REZAR
João Nunes Ventura.

Amado sertão
Povo sofrido,
Terra brejeira
Cheiro querido.

Linda montanha!
Belo morro,
Luz do horizonte
Azul formoso.

Mas a seca terrível
O sol que aquece,
O filho nativo
No solo padece.

O tempo passa
Amargo desgosto,
Na face o suor
Resvala no rosto.

Marca do tempo
Tudo acabou,
A água na fonte
Há muito secou.

A seca devasta
Plantas no chão,
Última esperança
Chora coração.

O gado doente
Carrega a cruz,
Fim do caminho
Apaga-se a luz.

Então me pergunto:
Como posso viver?
Onde eu pequei?
Que devo fazer?

Oh, Deus do sertão!
E do meu pensar,
Perdoe este pobre
Que não soube rezar.

Belo Jardim, 24/07/12

VAI MEU POEMA

Poeta Antônio Belo da Silva

   Vai meu Poema

Vai meu poema,
Vais correr o mundo
Não importa se te digam
Que és um poema vagabundo...

Desces montanha,
Sobes serra
Pois somente o que se ganha
É o que a verdade encerra:
Se, como disse o poeta,
“Bom cabrito é o que mais berra!”

Vai meu poema,
Pois o tempo urge!
Se uma palavra acaba,
Outra, ali, ressurge...

Passas sobre as catedrais
Passas por baixo da ponte
Sobes rios, desces vales,
Vais anunciar um mundo novo
Mas nunca esqueças a “fonte”,
Que é a Língua do povo!

Vai meu poema!
Que nunca feneças
Ante à tirania
Ou à opressão
Pois se um dia,
Negares poesia,
Que nunca mais
Pises nesse chão!

Conheço teus sentimentos
Pela mão que te conduz
Eu vi o teu movimento
Indo ao encontro da luz!

Vai meu poema:
Voa!
Se não te derem asas,
Mesmo assim,
Teu grito ecoa!

                    Palmas, dezembro/2007