Antônio Piancó Sobrinho (in memoriam)
CASA GRANDE
(Casa do seu avô Serafim Piancó)
CASA GRANDE
(Casa do seu avô Serafim Piancó)
Quando por acaso eu
venho
No antigo casarão
Observo o seu estado
Vejo a sua solidão
Vejo com toda certeza
Que a própria
natureza
Tá destruindo a
beleza
Da antiga construção
Um casarão de arraste
Virado para o
nascente
Duas janelas, uma
porta
Tinha o casarão de
frente
Um quintal com dois
oitões
Feitos de tijolos
bons
Do jeito das
construções
Que se via
antigamente
A calçada saliente
Feita com boa subida
Degraus com trinta
centímetros
Todos de uma só
medida
Quem no terreiro
passava
Com certeza observava
Que o dono velho
gozava
Alguma coisa na vida
Novena do mês de maio
Era um ato
obrigatório
Em maio de cada ano
Abria-se o oratório
Porque o velho
acreditava
Quem neste mundo
rezava
Lá no outro se
livrava
Das chamas do
purgatório
Cercado com muita
palma
Mangues com muito
capim
Várzea com muita
verdura
Só parecia um Jardim
Bonitos canaviais
Mangueiras e
laranjais
Se hoje assim não
está mais
Foi o tempo quem deu
fim
Engenho de rapadura
Casa de fazer farinha
Bulandeira de algodão
Tudo na fazenda tinha
Depois que o velho
morreu
Tudo desapareceu
Ficou vindo aqui só
eu
Voando como andorinha
Dizer quem foi a
fazenda
Hoje ninguém acredita
Vaca holandesa
lavrada
Igual a colcha de
chita
Muitos chocalhos
tocando
Vacas, bezerros
berrando
Boi manso se
espreguiçando
Meu Deus, que coisa
bonita!
Açude com muita água
Grande espalho de
represa
O sangrador
despachando
As águas com
ligeireza
Quem ficasse
observando
Via piabas pulando
Nas águas da
correnteza
0 comentários:
Postar um comentário