João Inácio de Lima - 1933 (in memoriam)
A crise e a corrupção
(João Inácio de Lima - 1933)
Ao Leitor chamo atenção
Caso não ficar
massado
Vou fazer
um ABC
Me referindo ao passado
Quando o mundo
era um jardim
Não havia gente
ruim
Não se via um
flagelado
Basta a gente se lembrar
Como era tudo contente
Volta a mente ao
presente
Da vontade de
chorar
Vendo tudo se
acabar
À falta de
remissão
Até mesmo o
próprio pão
É difícil se
arranjar
Por esta causa
está
Sacrificada a
nação
Confesso meu pensamento
Não sei se
estarei errado
Vivo tão
contrariado
De ver tanto
sofrimento
Se Deus lá no
Firmamento
Não socorrer a
nação
Vai morrer sem
remissão
Sem ninguém
poder dar jeito
Porque tudo tá
sujeito
A trabalhar só
pelo pão
Deus como Pai Criador
Tenha dó dos
desgraçados
Olhai tantos
flagelados
Pelo mundo a sofrer
dor
Lutando sem ter
valor
Lamentando a
triste sorte
Pelo Sul e pelo
Norte
Levando o tempo
em pedir
Se Deus não os
acudir
Vao terminar com
a morte
É doloroso se ver
Do mundo a
situação
Ver grande
emigração
Pedindo para não
morrer
Obrigado a receber
Fatias de
Alimento
Cheios de
constrangimento
Pelo mundo a
esmolar
Sem poder mais
suportar
As trevas dos
sentimentos
Fome, liseu e nueza
É o que mais
aflagela
Ver tanta moça
donzela
Desgarrada sem
defesa
Quem ontem tinha
nobreza
Hoje sofre estes
clamores
Todos estes
dissabores
Que passa a
humanidade
No tempo da
antiguidade
Não se via estes
horrores
Guerra, crise e sofrimento
É o que temos
sofrido
Povo quase
falecido
Sem recurso e
alimento
Só lhe vem no
pensamento
É que morre e
não alcança
Não tem mais
perseverança
Devido a
necessidade
Pedindo por
caridade
Que Deus lhe
mostre mudança
Há oito anos atrás
Não se falava em
miséria
Mas hoje a coisa
está séria
Progresso não se
vê mais
Todo plano que
se faz
Não se pode
aproveitar
É perdido
procurar
O povo perdeu a
macha
Porque procura e
não acha
Dinheiro para se
ganhar
Impatou de chover mais
Que desse para
criar
E o povo a
trabalhar
Como nos tempos
atrás
Filho obedecia
aos pais
Não havia
despotismo
Hoje o
Cristianismo
Que Deus o fez
tão feliz
Tá vendo a hora
o País
Passar para o
comunismo
Juntou-se a hipocrisia
Com a crise e a
maldade
Por isso a
necessidade
Aumentou de
dia-a-dia
Não se vê mais
harmonia
Não se encontra
mais progresso
E como quem
compra ingresso
Pra ir a
divertimento
Passando aquele
momento
O resto fica em
regresso
Lutando sem esperança
Vive o povo em
desespero
Procura ganhar
dinheiro
Todo dia sem
tardança
Já perdendo a
confiança
Porque se acha
devendo
E o seu credor
dizendo
Faça jeito de
pagar
Não posso mais
esperar
O tempo está se
vencendo
Muito triste e pesaroso
Fica o pobre
devedor
Não se paga com
favor
A um patrão
orgulhoso
Quando ele é
presunçoso
Não olha para a
pobreza
O pobre não tem
defesa
Porque não pode
pagar
Não acha aonde
ganhar
Aumenta sua
tristeza
Na remota antiguidade
O mundo não era
assim
Não havia gente
ruim
Não usavam
falsidade
Falavam sempre a
verdade
Amavam a
religião
Tinham leal
coração
Temiam o castigo
eterno
Por isso havia
inverno
Tudo tinha
aumentação
O mundo vai se passando
Da forma que
estamos vendo
O povo em massa
devendo
Pelo bom tempo
esperando
Seus haveres se
acabando
Porque não há
mais progresso
Por minha vez eu
confesso
Quando reflito o
passado
Não vejo nada
aumentado
O mundo vai de
regresso
Por isso caro leitor
Esta é
minha opinião
Enquanto houver
corrução
O mundo não tem
valor
Deus como Pai
Criador
Se acha muito
ofendido
De ver seu nome
esquecido
Ninguém cumpre
seu dever
Quando vem se
arrepender
É tarde, já tem
partido
Quando Deus
manda o castigo
É para todos
sofrer
Ninguém tem o
que fazer
É ter Deus como
amigo
Não pode correr
perigo
Quem a Deus é
humilhado
Embora esteja
agravado
Pelos maus
procedimentos
Só quer viver no
pecado
Reflito o tempo
presente
Me lembrando do
passado
Tudo que vejo é
mudado
Acho tudo
diferente
Só se quer andar
descente
Embora fique
devendo
Pensa que Deus
não está vendo
A sua grande
maldade
Enganar a
humanidade
Ao próprio Deus
ofendendo
Satanás vive
sorrindo
Por ser muito
ambicioso
Quando ver um
orgulhoso
O nome de Deus
ferindo
Vendo a nação
seguindo
Na trilha do mau
caminho
Por ter um
pensar mesquinho
Manda o povo
prosseguir
Dizendo pode
seguir
Que vai dar tudo
direitinho
Temor de Deus
hoje em dia
É muito raro se
ver
Não há quem
queira sofrer
Como o filho de
Maria
que passou tanta
agonia
Com o fim de nos
salvar
Hoje queremos
pagar
Com tamanha
ingratidão
Por justa lei da
razão
Noss'alma tem
que penar
Ultimamente
parou
Progresso na
nossa vida
Porque estou
vendo esquecida
A lei que Deus
nos deixou
Por isso já se
acabou
Doçura, gosto e
prazer
Hoje para se
viver
Só se encontra
privação
Por causa da
corrução
Que leva o tempo
em crescer
Vergonha já se
acabou
Consciência
muito pouca
A virtude quase
louca
Caridade já
passou
Agora o que
aumentou
Foi falta de
sentimento
Eu acho muito
nojento
Me parece um desaforo
Inventaram um
tal namoro
Quando falam
"um casamento"
Xarope amargo e
cruel
É o que hoje se
toma
Para mudar o
sintoma
Precisa ser mais
fiel
Porque o Deus de
Israel
já se acha
envergonhado
Barbaramente
tratado
Pela sua
semelhança
Já perdeu a
confiança
De quem fez pra
ser amado
Zombando do
Criador
Que por nós
tanto sofreu
Cravado na cruz
morreu
Passando
tormento e dor
Somente por
nosso amor
passou tanta
crueldade
A bem da
humanidade
Morreu quem não
tinha culpa
Agora peço
desculpa
Se não falei a verdade
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